Não costumo ser uma grande seguidora de Dias Mundiais/Internacionais, mas pus-me a pensar que, de facto, não deixa de ser importante assinalar este dia, ou melhor, parar para pensar o quanto importante é a Música na vida das pessoas...julgo que, por vezes, nem nos apercebemos disso e, assim, achei por bem criar uma história (é mesmo fresquinha) para marcar este Dia e tentar transmitir essa mesma ideia.
Atrevo-me a sugerir a quem contar esta história que procure acompanhá-la com uma base musical. Já que aqui se fala de piano, porque não?...Como disse, é uma história nova e nunca a utilizei na sala de jardim de Infância mas, com certeza, quando o fizer vou procurar explorar um pouco diferentes melodias ao piano...e, nessa altura, poderei dar um feed-back...
A música misteriosa do Sr. Luís
Era
uma vez um menino chamado Eduardo que vivia numa grande cidade cheia
de prédios, automóveis, autocarros, pessoas a andar apressadas de
um lado para o outro...
De
manhã saía cedo de casa (às vezes ainda o Sol estava a dormir) e
lá ía de carro até à escola, meio adormecido por entre
buzinadelas e filas que tornavam as pessoas mais irritadas...quanto
barulho...
Certo
dia começou a espirrar, o nariz a pingar, a garganta a doer e teve
que ir ao médico que, além do xarope cor de laranja receitou uns
dias de repouso em casa.
Foi
durante esses dias que conheceu o Sr.Luís, um homem alto e magro,
com uns olhos azuis muito pequenos que andava sempre com um chapéu
castanho, de feltro. Era o vizinho novo que tinha vindo habitar a
casa ao lado e que, por essa altura recebia em casa um enorme e
misterioso caixote...
O
Eduardo era curioso e estava muito intriagado com o pacote...o que
seria aquele grande embrulho que tinha chegado ao 3º esquerdo (que
era onde vivia o sr. Luís)...
E
então ouviu...um som lento, solitário, um pouco triste, mas tão
bonito que não resistiu a parar o que estava a fazer para ficar a
escutar...aquele som que tinha começado lentamente, tornou-se aos
poucos mais rápido, saltitante, divertido e, de repente, Eduardo
imaginava-se um cavaleiro de outros tempos montado num cavalo branco,
de espada na mão a defender a princesa que estava no seu castelo de
filigrana...
E
então a música parou...e Eduardo lembrou-se que era apenas um
menino que tinha ficdo em casa porque estava constipado...
Nos
dois dias que se seguiram, a música continuou: era sempre diferente
e diferentes eram também os sonhos de Eduardo: foi um monstro, um
robot, um príncipe, um gato...voou numa vassoura e numa nave
espacial, fez uma tenda e foi índio, foi médico e foi bombeiro e
tudo ao som das músicas que vinham de casa do Sr. Luís...
Eduardo
nunca tinha ouvido nada tão bonito...estava habituado ao barulho da
cidade: buzinas, sirenes, gritos e tantos outros sons que se
misturavam no ar que nem mesmo percebia se a música que se ouvia
era triste ou era alegre, se fazia rir ou chorar...
Mas
um dia não houve música na casa do Sr Luís e no outro tambem não
e então o Eduardo ficou preocupado. O que havia de fazer? Decidiu
preparar uns biscoitos e bateu à porta do seu vizinho para lhos
oferecer...era uma maneira de o conhecer e saber mais sobre aquela
música que o fazia sonhar.
O
Sr. Luís abriu a porta e Eduardo percebeu: também ele estava
constipado, com o nariz vermelho que pingava e uma tosse que não
parava. Ficou muito satisfeito com o presente do menino que,
prontamente lhe levou tambem um frasco de mel para curar a tosse e
agradeceu imenso pelo seu cuidado.
No
dia seguinte, foi o Sr.Luís que lhe bateu à porta, dizendo que o
mel tinha tido um efeito milagroso e graças à sua ajuda podia
continuar a compôr músicas.
Eduardo, queres que te ensine a tocar?
O
menino, abriu muito os olhos e, sem falar acenou que sim e seguiu o
seu vizinho. Percebeu finalmente de onde saía toda aquela beleza: no
canto da sala, junto à janela estava um piano. O mesmo que tinha
chegado há uns dias dentro do tal caixote misteriso que vira entrar
por aquela porta.
Pela
primeira vez via uma pessoa a tocar piano e aquela música enchia-lhe
o coração de uma maneira que nunca antes tinha sentido.
Foi
desta maneira que Eduardo aprendeu a tocar piano, Um dia, já
crescido tornou-se um grande pianista. Um pianista que nunca mais
esqueceu como se tinha apaixonado pela música...um pianista que
levou o seu piano a todos os cantos do mundo, para que todas as
crianças pudessem sonhar e viver tantas aventuras como ele próprio
tinha vivido quando menino e, às vezes, ainda vivia enquanto os seus
dedos deslizavam pelo teclado e produziam as mais belas melodias.
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