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Histórias de imaginar

A Bruxa Trapalhona

Com a aproximação do Dia das Bruxas lembrei-me de colocar aqui uma história que escrevi já há alguns anos a fim de concorrer a um Prémio de Literatura. A minha ideia foi desmistificar um pouco o conceito de Bruxa má, criando uma personagem trapalhona, com falhas como qualquer um de nós.



A Bruxa Trapalhona

Era uma vez uma bruxa...

Como todas as bruxas andava sempre vestida de preto e usava um enorme chapéu pontiagudo que, por ser um pouco grande, teimava em lhe tapar os olhos. Estes eram verdes, muito redondos e cobertos por umas sobrancelhas pretas, da cor dos cabelos, que eram bastante compridos.

Mas esta era uma bruxa especial, diferente das outras, porque era muito trapalhona. Estava sempre a enganar-se nos feitiços que fazia e, quando voava na sua vassoura, aterrava sempre onde não devia...

Certo dia, quando se dirigia ao Castelo onde as bruxas se reuniam, atrasada como sempre, começou a voar cada vez mais depressa. A certa altura, uma rajada de vento mais forte empurrou-lhe o chapéu para os olhos. Sem conseguir ver o que quer que fosse, a Bruxa caíu, mais a sua vassoura, pela chaminé de uma casa. Pum, catrapum! Pás, catrapás!

O João, que andava ali a brincar, além de apanhar um susto, ficou muito admirado por ver alguém caír pela chaminé...ainda por cima, aos trambolhões...

- En...então, minha senhora, quer ajuda?
A Bruxa, em vez de agradecer, ficou furiosa e desatou a chorar:

-Eu não sou uma senhora! Sou uma Bruxa!!!
-Uma Bruxa?!!! Não parece nada...tem uns olhos tão simpáticos...
-Mas sou!!! E as Bruxas deviam meter medo às pessoas.
-A mim não me mete medo... – disse o João.
-Pois...ninguém tem medo de mim... Vou-me embora. Vou-me embora e não quero ajuda. Podia lá ser...eu, uma Bruxa...ser ajudada por uma criança...Vou-me embora...

Mas, ao tentar levantar-se, caíu novamente no chão, pois tinha batido com a cabeça e estava muito tonta. Então, o João foi chamar a Mãe, tentando explicar o que tinha acontecido, mas esta disse logo:

-Ó João! Lá vens tu com as tuas histórias. Agora uma Bruxa a caír na chaminé. Tens cada coisa...Vai lá brincar com os teus carros que eu, quando acabar de dar banho à tua irmã já vou brincar contigo.

O João foi ter com a Bruxa e disse:
-Tu estavas a brincar comigo...Não és uma Bruxa, pois não? A minha Mãe não acreditou em mim e eu também já não sei se acredite ou não.
-Ai sim?! Então o que é que queres que eu faça para tu acreditares em mim? Vá, diz-me!...
-Olha...deixa-me pensar...Já sei: podias transformar o gato em rato...se fizesses isso eu já acreditava.
-Muito fácil!!! Zu-ziri-bum! Zá-ziri-bato!Transforma-te num rato.

E o gato transformou-se em rato.

-Eh!!! Muito bem!!! Agora já acredito em ti. És mesmo uma Bruxa!!! Bem, agora o melhor é voltares a transformá-lo em gato, antes que a minha Mãe venha, senão vai ficar muito zangada.
-Está bem! É para já: Zi-ziri-bum!Zi-ziri....ai, como é que é?...Não consigo lembrar-me...zi-ri-zapo!
-Olha, agora é que arranjaste a bonita. Transformaste-o num sapo...Ai a minha Mãe...Tens que te lembrar...
-Pois...é o meu problema...fico sempre baralhada e esqueço-me das coisas...Já sei: Zi-ziri-bum!Zi-ziri-bão.
-Agora é um cão - disse logo o João, já muito aflito.
-Tu é que tiveste a culpa, por não acreditares em mim. Se eu fosse uma Bruxa má, como as Bruxas devem ser, agora ía-me embora e tu ficavas com um cão, em vez de um gato. O pior é que eu tenho um grande coração e não tenho jeito nenhum para ser bruxa...
- Pois, mas agora tens que resolver este problema. Eu também não sabia que eras uma bruxa tão trapalhona e a minha Mãe está quase a chegar e se ela sabe...não sei o que te acontece a ti. Eu já sei que fico uma semana sem ver televisão...
-Estou a lembrar-me: Zi-ziri-bum! Zi-ziri-balo!
-Oh! Não!!! Um cavalo!!! Não!!! E a minha Mãe deve estar mesmo a chegar.
-Já sei: Zi-ziri-bum! Zi-ziri-binho!
-Um passarinho!!! Não vais conseguir...ainda o vais transformar num pato...
-É isso: Zi-ziri-bum! Zi-ziri-zato!
-Boa!!! Conseguiste...

Nesse momento, a Mãe entrou na sala:

-João: O que é que se passa aqui. Estavas a falar tão alto. E quem é esta senhora?
-Não é uma senhora, Mãe. É uma Bruxa...
-João: já te disse para não chamares nomes feios às pessoas...
-Mas eu sou mesmo uma Bruxa...
-Ora...uma Bruxa. Com uma cara tão simpática...
-Mas é verdade. Sou uma Bruxa...
-Oh! Está bem...Só acredito se fôr capaz de transformar o gato em rato...

Assim que ouviu isto, a Bruxa sentou-se na vassoura e voou pela chaminé acima e, ao mesmo tempo, o João tapou os olhos com as duas mãos, pois nem queria imaginar o que podia acontecer.

-Vês: eu bem te dizia...ela não foi capaz...e, a propósito: onde é que está o gato?

Pois é...o gato mal ouviu aquelas palavras foi-se esconder debaixo do sofá da sala, antes que a bruxa o transformasse num elefante ou noutro animal ainda mais estranho ...



1 comentário:

Gabriela disse...

Apesar de quase nem ter trabalhado o dia das bruxas na minha sala elas são sempre bem vindas sobretudo se forem em histórias. Vou-lhes contar esta também e depois digo-te a reacção deles. Eu gostei.
Beijinhos
Gabriela